Bombonière Delikatessen

Guloseimas e pensamentos...

30.5.05

Mídia...

Hoje no Propaganda & Marketing, a charge do Dorinho...



Ao menos cabelo liso ela já tem...

27.5.05

Violão(ões)...

O que vi sendo tocado hoje pode até parecer um violão, mas é tudo, inclusive isso, em mãos tão talentosas.
De tango à MPB, de ritmos fronteiriços ao chorinho, tudo parecia magia. Piazzola, Pixinguinha, Jobim, Chiquinha Gonzaga, Vinícius e composições próprias. Tudo transformado nas cordas daquele violão. Violão ou violões, porque em determinados momentos, ao fechar os olhos, dava para imaginar que haviam mais instrumentos naquele palco.
De um humor gostoso e simpático e com um talento que extrapola seu tamanho, Iamandú Costa a todos conquistou, num show com direito a duas reentradas de bis. Nunca imaginei que os "caipiras" desta cidade gostassem tanto de um show instrumental.
Só restou uma palavra para descrever o que vi nesta noite: magia.

23.5.05

"Como vai, como vai...

...vai vai...
Muito bem, muito bem, bem bem..."

Assim começava o programa onde Arrelia e seus parceiros, principalmente o palhaço Pimentinha, nos divertiam nas manhãs e tardes dos 70's. Um humor simples, sem malícia, com brincadeiras também simples e sem desenhos chatos e muito menos merchandising que hoje.

Mas hoje não vai tudo "muito bem, muito bem, bem bem...", pois Arrelia, que foi o primeiro palhaço a aparecer na tevê, morreu nesta segunda-feira, dia 23, vítima de pneumonia, na Clínica Santa Bárbara, no Rio.

Waldemar Seyssel, de 99 anos, o Arrelia, era o mais antigo palhaço do Brasil, começou a carreira televisiva fazendo o programa Cirquinho do Arrelia, em 1951, na TV Paulista.

Sei que a morte é inexorável, mas não é possível ficar imune à tristeza com a partida, mesmo que provisória, de alguém com sentimentos tão puros e simples.

No meio de tanta notícia sobre corrupção, violência, guerras que assolam nossos jornais hoje, esta foi a mais importante para mim. Arrelia era mais importante que toda essa corja que administra nosso país(não importa o partido), pois dava exemplos dignos a quem o acompanhava e se divertia com suas palhaçadas.

Que fique em paz e jamais será esquecido por esta criança que habita meu coração.

16.5.05

Onde vamos parar???

Fui criado numa cidade do interior de São Paulo, cuja população mal chegava aos 50 mil habitantes. Sem frescuras, cresci entre jogo de futebol na rua, várias brincadeiras com os demais amigos do bairro, ia bem de manhã para a escola, sozinho ou com a incubência de levar os meus irmãos mais novos. Na pré adolescência comecei a me interessar por história, pois estávamos em plena ditadura e sempre eu ouvia um zum zum entre os adultos. Estava sempre de orelha em pé. Havia duas coisas que adorava fazer nesta idade: ir à Biblioteca Municipal, me enterrar nos livros de História, principalmente de História Antiga e ir ao Museu da cidade ver e rever as peças que contavam da participação dos munícipes na Revolução de 32.

Minha cidade fica localizada próxima à divisa com Minas, então, as memórias ainda eram vivas... Conheci pessoas (senhores de idade) que haviam lutado durante a Revolução, uns acreditando num sonho, outros querendo se verem livres da Federeção, mas todos idealistas. Ficava olhando aquelas armas antigas, os cartuchos, os cantis d'água, os uniformes etc, imaginando quem usara cada uma das peças. Viajava nestes momentos. Imaginação é uma coisa ótima.

Hoje, olho assustado o mundo em que vivemos. Nossa educação, com "e" minúsculo mesmo, pois assim ela se encontra, anda largada ao léu. Vi uma notícia que me deixou muito triste: numa cidade vizinha à minha, um museu como o que eu visitava, foi roubado duas vezes nos últimos 4 meses. O alvo do crime era sempre o mesmo: só roubaram armas antigas, também oriundas da época da Revolução de 32. Garruchas, fuzis e granadas.

Triste, sim, mas muito pior que isso, foi a decisão da Prefeitura Municipal de Mococa de fechar os Museus da cidade por falta de segurança. Se tudo isso não bastasse, a polícia neste final de semana prendeu os ladrões dos bens históricos: dois ladrões que usavam as armas para roubar na região e até onde a EPTV apurou, eram dois adolescentes.

Seria tão melhor se eles estivessem nos bancos das escolas aprendendo História, Matemática, Literatura, Geografia etc...

13.5.05

Noite para rir...

Acabei de chegar do SESC... desopilei o fígado, eu estava precisando... Rir me faz bem!
Fazia tempo que eu não via um show do Lingua de Trapo... Eles são escrachados e junto com o Premeditando o Breque, marcaram a década de 80, para uma juventude saindo da ditadura militar. O humor sempre foi o ponto forte deles, misturando estilos musicais e fazendo chacota de tudo, inclusive deles mesmos. Abaixo dois exemplos do estilo. Uma música "romântica" cantada com todo o "sentimento odairjoseense" e uma ode à parte do corpo que menos recebeu homenagens em forma de música em nossa MPB, o...

O HOMEM DA MINHA VIDA (Ayrton Mugnaini)

Como é bom ser livre pra voar
E conhecer o amor e seus mistérios
Mas você não tinha que casar
Teu único jeito agora é o adultério

Não fui assistir teu casamento
Porque o centro de atenção ia mudar
Não quis estragar esse momento
Não fui pra ninguém me ver chorar

Hoje no meu título de eleitor
Está escrito lá que eu sou solteiro
Mas isso é mentira, meu amor
Só penso em você o tempo inteiro
A paixão e o desejo me consomem

Você também se sente consumida
Mulher de amigo meu pra mim é homem
Por isso você é o homem da minha vida

Você mudou seu título de eleitor
Ganhou o sobrenome do marido
Porém está me confessando agora
Que tem um segredo escondido
Foi tudo um fracasso na verdade
Porque você com ele não encaixa
Ele exige alta fidelidade
Porém a impedância dele é baixa

Por isso eu fiquei maravilhado
Quando você nessa vida
Deu um basta
Seguindo o velho ditado
"Burro amarrado também pasta"

POLCA DUCA
(Melô do Bráulio) Cézar Brunetti 1982

Pálido, flácido, púdico e gentil
Ele é tão tímido, árido, preso no covil
Mas quando vê aquela tanga, aquela lomba, aquela bunda
Já se encanta, bota banca, tira a manga e sai da sunga
E fica rápido, rígido, ávido e feroz
E assim diria se tivesse o dom da voz:
Patrão me dê o direito de escolher a minha trilha
Isso é pior que a solitária, eu quero a chave da braguilha
Eu só apareço em consultórios pros exames de rotina
E nos mictórios, que vexame, aquele cheiro de urina
Eu quero espaço pra balançar
Quero a luz do sol
Eu quero ter a cor do senhor
Quero tudo igual
De que me vale ser o artista principal
E ver a atriz só no final, sem meias, cintas
Sutiãs e lingeries
Eu quero ser feliz, dar um bis quando eu desejar
Mas quando eu não quiser é favor não me incomodar

Que eu faço greve e vou morar atrás do saco, enfiado num buraco
Que o patrão não vai gostar

10.5.05

Roda viva...

"...O código de princípios da obra de Tom Zé é regido pela presença feminina, pela mitologia, pelo caráter ritualístico, pelo jogo de palavras, por recorrências e citações, pelo experimentalismo sonoro e por mensagens na área sócio-econômica." Zuza Homem de Mello

A volta do trem das onze (Tom Zé)

Pra Iracema em Jaçanã

A esperança parece vã
Mas na maloca,
Adoniran
Já se reforça, com tapioca, caldo de rã,
E convoca Joca pra derrotar Leviatã e Tio Sam.

De ferro e bronze

O trem das onze
Voltará,
Em Jaçanã bem de manhã
Apitará.
Comemoremos Mato Grosso eu e Joca
Com Iracema e o Arnesto na maloca.

Soja disse que este ano vem

Andar de trem,
E o milho vai querer também
Andar de trem,
Feijão disse que ninguém vai ficar sem
Andar de trem.
Inês e todo o pessoal da Mooca e do Belém
Andar de trem.

De ferro e bronze... etc

Frankfurt, Roma, Europa forte,
É povo rico de toda sorte,
Tudo barateia nesse transporte;
Até Las Vegas,
Ó trem carregas pra Nova Iorque,
Mas aqui o gringo tirou o trilho
Pra não deixar trem passar.

De ferro e bronze... etc

8.5.05

Sem palavras...

5 x 1
Yeah!!!

2.5.05

Escaravelho do Diabo...

Quando eu tinha 8 anos de idade e fazia 3º ano primário, o que conhecemos hoje como Ensino Fundamental, fui introduzido ao mundo literário pela minha querida professora Cidinha. Fui “obrigado” a ler e resumir um livro da Coleção Vagalume, da Editora Ática, que se chamava “O Escaravelho do Diabo”, de Lúcia Machado de Almeida. Abriu-se um novo mundo para um moleque em plena ditadura.

Posteriormente, entre os 8 e os 12 anos de idade, Lúcia e Matilde continuaram este caminho e novos livros da mesma coleção, da Coleção Para Gostar de Ler e de outros autores me foram indicados.

Neste período alguns nomes me marcaram profundamente: Monteiro Lobato, José de Alencar, Machado de Assis, Maria José Dupré, José Lins do Rego, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga, José Mauro de Vasconcelos, Homero Homem, Paulo Mendes Campos entre outros.

Entretanto, tudo começou com o livro de Lúcia Machado de Almeida e hoje fiquei sabendo de sua morte. Morreu há dois dias num hospital do interior de São Paulo, com 94 anos. Natural de Nova Granja, no interior de Minas Gerais, a autora, que completaria 95 anos nesta quarta-feira, notabilizou-se pelos livros da coleção Vaga-Lume, voltados ao público infanto-juvenil, que fizeram muito sucesso nos anos 80. Entre os principais títulos escritos por ela, estão "Xisto no Espaço", "Xisto e o Pássaro Cósmico", "Aventuras do Xisto", "O Caso da Borboleta Atíria", "Atíria na Amazônia", "Spharion" e "O Asteróide", além de "O Escaravelho do Diabo".

Descanse em paz, Lúcia e muito obrigado por me abrir os olhos para estas aventuras infanto-juvenis que me faziam viajar pelo mundo dos sonhos, me introduzindo ao mundo da Literatura.

1.5.05

Dia do Trabalho...

Nos anos 70 e 80 eu ouvi várias vezes. em passeatas e manifestações durante o Dia do Trabalho, o seguinte slogan: "O povo unido, jamais será vencido."

Muita coisa aconteceu de lá para cá: acabou a "Redentora"; tivemos eleição direta para todos os cargos no país; a inflação foi praticamente controlada; um sindicalista assumiu o mais alto cargo do Brasil; os aposentados começaram a pagar imposto de renda; a Saúde teve uma melhora nos anos noventa etc.

Mas algumas coisas ainda não mudaram muito: os reajustes de tarifas controladas pelo Governo continuam acima da inflação; os aposentados continuam sendo tratados como dispensáveis à sociedade, independentemente do que produziram no passado; o nepotismo anda solto como sempre; a Saúde teve uma piora nos anos 2000; o troca troca de favores políticos continua ativamente prejudicando o país etc.

Em comemoração ao Dia do Trabalho em 2005, temos um aumento "significativo" do salário mínimo segundo o Lula. Vejam a matéria linkada abaixo.

Hoje, Dia do Trabalhador, entra em vigor o novo salário mínimo, que passa de R$ 260 para R$ 300. Segundo Lula, o reajuste é "significativo, com um ganho real acima da inflação como há muito tempo não acontecia".

Sabe, às vezes tenho nojo de ser humano e ver tanta hipocrisia, falsidade e mentiras juntas.