Bombonière Delikatessen

Guloseimas e pensamentos...

30.4.05

Show...

Fui ver a um show do Chico César ontem pela primeira vez. O cara dominou o palco, foi fantástico, muito melhor do que imaginava. As letras dele sempre tiveram um apelo político e gosto disso. "Mamma África", "Respeitem meus cabelos, brancos" entre outras já eram conhecidas, mas agora ele lançou uma que poderá gerar polêmica, mas confesso que adorei...

Odeio Rodeio (Chico César)

Odeio rodeio
E sinto um certo nojo
Quando um sertanejo
Começa a tocar
Eu sei que é preconceito
Mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar [bis]

A calça apertada
A loura suada
Aquele poeirão
A dupla cantando
E um louco gritando
Segura peão

[Refrão]

Me tira a calma
Me fere a alma
Me corta o coração
Se é luxo ou é lixo
Quem sabe é o bicho
Que sofre o esporão

[Refrão]

É bom pro mercado
De disco e de gado
Laranja e trator
Mas quem corta a cana
Não pega na grana
Não vê nem a cor

[Refrão]

Respeito Barretos
Franca, Rio Preto
E todo interior
Mas não sou texano
A ninguém engano
Não me engane amor

[Refrão]

29.4.05

Reflexão...

"Aprendi a respeitar as idéias alheias, a deter-me diantes do segredo de cada consciência, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar. E já que estou em via de confidências, faço uma, ainda que talvez supérflua: detesto os fanáticos com toda a alma."
Norberto Bobbio

27.4.05

Madrugada...

Sua cabeça girava sob o efeito do caos interior que se estabelecera nele, logo após a abrupta descoberta de um selvagem amor desses que deixa o coração em chamas ardendo no ritmo de uma taquicardia desvairada. Nesse momento tentava desesperadamente descansar sobre seu leito, mas na sombra do seu quarto dançava a fugidia lembrança do corpo pálido da mulher que pôr vezes se aproximava dele lançava-lhe um beijo apaixonado e insinuava uma carícia audaciosa que o deixava trêmulo, contudo quando ele lhe estendia os braços a visão lhe fugia arisca, indo postar-se a porta em gestuais que lhe chamavam para uma fuga louca. Ele então pensava "- quem é essa mulher que se agiganta em mim?". O silêncio lhe respondia com um sorriso malicioso que era a sua imaginação, instigada pelo intenso desejo de possuí-la.
E assim as noites se consumiam na ausência do cheiro que o excitava, na certeza da paixão que crescia entre as suas pernas, implorando para morrer devorada pela fome daquela mulher...ah! Essa solidão povoada de reminiscências, ora espancava ora acariciava. Ainda em desespero ele se ergue e foge, quem sabe um copo de leite morno fosse capaz de aplacar essa ânsia, segue descalço, indefeso, a cada passo: um eco! O leite porém assemelha-se ao úmido gozo, ele bebe sôfrego e sente o gosto da mulher, uma gargalhada perpassa o ar agitando todas as moléculas presentes, o dia demora a anunciar-se, começa a temer a escuridão que visualiza pela janela do seu apartamento, não sabe se suportará mais essa noite sem enlouquecer definitivamente.
De novo a visão se acerca dele como que apiedada pelo seu olhar carente, diz sem entonação "- me dói o seu desespero"... Passa então a mão pôr seus cabelos em desalinho e o abraça enternecida, ele se sente então menino roubando sorvete na padaria, o toma uma culpa irracional, nasce a necessidade de se desculpar, sem saber do que, porém no regaço da mulher que o ama, se mostra uma planície verdejante, aonde um cavalo e uma égua, saciam a sede a beira de um riacho de águas cristalinas, o cavalo relincha e se ergue sobre as patas traseiras, sua crina esvoaça ao sabor da brisa: ele é todo macho! A égua pôr sua vez abaixa a cabeça num tributo de respeito a força que ele exala: ela é toda fêmea! E os dois se põem a cavalgar repletos de uma alegria que o comove, mas a consciência lhe volta, se pergunta: "- o que faço aqui de joelhos?" se volta para o relógio que em seus quadrantes marca três horas de uma madrugada gélida, caminhando arcado pelo peso das ilusões acalentadas - pára subitamente - tomado de surpresa pelo tilintar da campainha...!

22.4.05

Ô pá...

Reza a lenda que há 505 anos, um português de nome Cabral, chegou em terras brasileiras, ouviu o grito "Terra à vista!" de um de seus marinheiros, chamou a Américo Vespúcio e Pero Vaz de Caminha para dialogarem e juntos resolveram denominar o local de Ilha de Vera Cruz...

O português Cabral gostou do que viu e do que comeu e, após 44 dias de "pit stop" retomou o caminho das Índias, sem esquecer as índias veracruzenses... E durante esta viagem, enquanto saboreava um suco de manga em sua cabine de capitão, ele ia cantarolando "navegar é preciso, viver não é preciso..." e lendo uma estrofe de Os Lusíadas.

Penso que Maria, a Louca deveria ter ordenado a execução de Joaquim da Silva Xavier no dia vinte e dois e não no dia vinte e um, talvez assim, ninguém esqueceria a data da lenda...

20.4.05

Habemus...


Pois é, "Habemus Papam", mas também:

- Habemus fome...
- Habemus violência...
- Habemus racismo...
- Habemus colarinho branco...
- Habemus incoerência...
- Habemus intolerância...

- Habemus Severino e Lula...

Resta perguntar:

- Habemus jeito?

Entretanto, já que iniciei o post com um termo religioso, termino com uma frase de um adesivo de carro para lá de "fiel":

"Deus é jóia, o resto é bijouteria" (sic)

18.4.05

Argh...

Tô de saco cheio, arrastando no chão, além da insônia... então para tentar melhorar, vou postar algo do Lula Vieira, um ótimo publicitário carioca e um humorista de mão cheia.

Mau Humor

Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo o cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia, é um chato. Num outro artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho. Joaquim Ferreira dos Santos, em "O Globo" de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa a expressão "agregar valor". Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica mamando de segundo em segundo é uma chata. São preconceitos, eu sei. Mas cada vez mais a vida está confirmando estas conclusões.
Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não consegui desmentir. Pode ser coincidência, mas até agora todo cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é muito babaca.
Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou sujeita que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra "carne", fica falando o tempo todo em vida saudável é seu ideal como companhia numa madrugada? Sei lá, não sei. Não consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão. Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo "tipo assim", "mólegal", "chegar junto", "superar limites", essas bobagens que lembram papo de concorrente a big brother.
Mais uma vez repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas.Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber direito por quê. Vai ver que transmite algum sintoma de chatice. Tom de voz de operador de telemarketing lendo o script na tela do computador e repetindo a cada cinco palavras a expressão "senhooorr" me irrita profundamente.
Se algum dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de ser um flanelinha. Não posso ver um deles que o sangue sobe à cabeça. Deus que me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho raiva menor do assaltante do que do cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua etivesse todo o direito de me cobrar pela vaga.
Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer? Não suporto especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas a pagarem o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados e tentando receber "energia positiva". Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa.
Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria. E para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando "um beijo no coração"?

15.4.05

Injúria Qualificada...


Eu falo muito palavrão, decididamente falo muito...
Se meu time ganhar, eu xingo de contentamento; se perder, lá vem palavrão; se tomar uma fechada no trânsito, novos xingamentos; se receber uma notícia ruim, coisas cabeludas ecoam de minha boca; uma notícia ótima chega ao meu ouvido, um palavrão de exclamação é ouvido...

Assim caminha minha mediocridade. Que fazer, assim sou. Quem me conhece e convive comigo, sabe do que estou falando. Mas foram raríssimas as ocasiões onde meu jeito de expressar ofendeu alguém de verdade. Normalmente funciona mais como um desabafo íntimo. Sei que às vezes deve parecer grosseria, mas juro que me contenho, quando estou na presença de menores de 5 anos, afinal, os que têm mais que esta idade, falam coisas piores que eu.

É lógico que quando vou jogar meu basquete acabo soltando palavrões, mas geralmente o alvo sou eu mesmo. Acho que devo treinar mais... Num jogo esportivo, a provocação acontece o tempo todo. Um zoando com o outro. A gente brinca, zoa, xinga, faz mímica, mas sempre acaba tudo por aí. Mas, apesar deste defeito de caráter que possuo, nunca mandei ninguém enfiar uma banana no c* e nem chamei nenhuma pessoa de macaco, preto, macaquito, negrinho, pobre, careca, gordo...

Isso para mim é sinônimo preconceito e de racismo sim e muito bem fez o jogador ofendido em prestar queixa. Também acho que houve exagero do delegado na forma de dar voz de prisão ao jogador, mas não no ato da prisão, afinal havia uma queixa e obviamente houve uma provocação que passou dos limites do “campo esportivo”.

Preconceito é um veneno que está imiscuido na sociedade, aparecendo nos atos mais simples e corriqueiros do dia a dia. Quem já sentiu isso na pele pode compreender exatamente as razões do jogador Grafite.

E quem não concordar comigo que fique à vontade para me xingar, apenas não peçam para eu fazer nada com banana além de digerí-las pelos órgãos adequados.

O poeta Hélio Consolaro escreveu:

O branco não atrai
Como o preto avança.
Na luta das cores
Ele sai maculado.
O cinza são os destroços.


(Poema “Uma fraqueza do branco”, in O sorriso é uma palavra, Blocos Editora, RJ, 2000 - p. 18)

O crítico Célio Pinheiro escreveu sobre este poema: “Retrato de um mergulho social: a incoerência de humanos entre devorando-se. A mensagem implícita nessa estranha sonoridade é de difícil apreensão; mas é séria, forte. Tão forte como este rápido mas intenso olhar nas diferenças sociais cromatizadas em preto e branco.”


Assino embaixo!

12.4.05

Nepotismo...

Empregado por sua mulher, Garotinho diz ser contra nepotismo. Apesar disso, o ex-governador do Rio afirmou que "se existem abusos, eles devem ser coibidos". "Mas é preciso separar o que é cargo de confiança", ressaltou o ex-governador do Rio de Janeiro.

"Essa história de nepotismo é coisa para fracassados e derrotados que não souberam criar seus filhos. Eu criei bem os meus filhos, que têm universidade, e agora estou indicando José Maurício", afirmou o deputado Severino Cavalcanti, presidente da Câmara.

O que a gente faz com estes políticos? Não vou colocar nem os outros comentários, pois são todos ridículos. Cliquem nos links e vejam as notícias completas.

Quanto mais velho fico, mais aumenta minha descrença no ser humano.

11.4.05

Ah é, pois é...

9.4.05

Tempo...

Amigos têm me perguntado o porque de poucos posts. Basicamente são três os motivos: o tempo anda extremamente curto para a Internet, a minha LER tem incomodado muito nos dois últimos meses e o que acontece no dia-a-dia de nosso país tem me deixado mudo.

Em todo caso, se não escrevo de próprio punho, sempre encontro algo de outrem para postar. Aproveitarei este final de semana para postar um autor cubano maravilhoso: Pablo Milanés - cantor, compositor e poeta.

Depois do show do Tarancón, vocês terão de agüentar um pouco mais de latinidade por aqui.

Yo no te pido (Pablo Milanés)

Yo no te pido que me bajes
una estrella azul
sólo te pido que mi espacio
llenes con tu luz.

Yo no te pido que me firmes
diez papeles grises para amar
sólo te pido que tu quieras
las palomas que suelo mirar.

De lo pasado no lo voy a negar,
el futuro algún día llegará
y del presente
que me importa la gente
si es que siempre van a hablar.

Sigue llenando este minuto
de razones para respirar
no me complazcas, no te niegues
no hables por hablar.

Yo no te pido que me bajes
una estrella azul
sólo te pido que mi espacio
llenes con tu luz.

Sigue llenando este minuto
de razones para respirar
no me complazcas, no te niegues
no hables por hablar.

Yo no te pido que me bajes
una estrella azul
sólo te pido que mi espacio
llenes con tu luz

Unicornio (Silvio Rodriguez)

Mi unicornio azul ayer se me perdio
Pastando lo deje y desaparecio
Cualquier informacion bien la voy a pagar
Las flores que dejo no me han querido hablar

Mi unicornio azul ayer se me perdio
No se si se me fue, no se si se extravio
Y yo no tengo mas que un unicornio azul
Si alguien sabe de el le ruego informacion
Cien mil o un millon yo pagare
Mi unicornio azul se me ha perdido ayer, se fue

Mi unicornio y yo hicimos amistad
Un poco con amor un poco con verdad
Con su cuerno de anis excava una cancion
Saberla compartir era su vocacion

Mi unicornio azul ayer de me perdio
Y puede parecer acaso una obsecion
Pero no tengo mas que un unicornio azul
Y aunque tuviera dos yo solo aquel
Cualquier informacion la pagare
Mi unicornio azul se me ha perdido ayer, se fue


Up date - 24/01/08 - corrigindo a autoria e o título de Mi Unicornio Azul de Pablo Milanés, para Unicornio, de Silvio Rodrigues. Sorry, minha fonte estava errada.

5.4.05

Arqueólogos do futuro...

Eu sempre achei a arqueologia uma beleza. Na minha primeira visita a Roma eu fiquei deslumbrado com as catacumbas, o Coliseu, o Fórum Romano, todas aquelas maravilhas arqueológicas que nos faziam imaginar como teria sido o tempo glorioso de Roma, com suas sete entradas, um lugar para onde todos os caminhos levavam.
Os arqueólogos são pessoas que eu sempre considerei como especiais, pois eles são os desbravadores do passado, os homens que acham um osso e sabem a quem aquele osso pertencia e quantos anos de idade ele tem. Se for de dinossauro, eles sabem se era de um dinossauro macho ou fêmea. Uma coisa inacreditável.
Ao mesmo tempo, imagino que, no passado, não havia cemitérios, pois nunca foi encontrado nenhum e olha que os arqueólogos fuçam em todas as partes, buscam em todos os caminhos. É uma coisa como o cemitério de elefantes, que ninguém sabe onde fica, já que nunca se encontrou um elefante morto à nossa frente, obstruindo o nosso caminho. E os caçadores estão fazendo seguidos safáris e o que mais procuram é um elefante morto, para roubar o marfim.
Mas e no futuro? O que terão os arqueólogos do futuro para encontrar e fazer com que as pessoas deslumbrem-se? É claro que, no passado distante, não havia esta profissão, porque o passado distante me parece que não teve passado, já que a memória da história vai aos romanos, aos gregos, passa pelos fenícios e pelos caldeus, pelos mongóis, aquela patota de Gengis Khan, pelos vikings... chega aos chineses, mas daí não passa. Não acho que tudo tenha começado com os chineses, mas que eles não têm um passado, não têm mesmo. Foram eles que vieram inventando tudo, a começar pelo macarrão e acabando na pólvora, que acaba com tudo.
OK. Antigamente não existiam os arqueólogos, mas hoje eles estão aí e, no futuro, com certeza também estarão. E encontrarão... o quê?
As ruínas de Las Vegas permitirão que eles encontrem um ringue de box, um esporte no qual, “naquela época, dois homens eram colocados num quadrado, sem que pudessem sair dali e esmurravam-se até que, preferencialmente, um derrubasse o outro.” Roletas e mesas de jogo serão encontrados nas ruínas de Las Vegas, mas o mais interessante será o que os arqueólogos do futuro encontrarão nas ruínas de Brasília. Um enorme salão, “uma espécie de anfiteatro, onde 514 homens se reuniam para resolver seus problemas particulares e criar problemas para o país.”
Excursões e mais excursões serão feitas para que o povo veja como se cuidava dos que no passado roubavam o povo daquele tempo.
Numa cadeira ainda bem conservada, um arqueólogo do futuro encontrará o esqueleto de Severino Cavalcanti, único esqueleto do mundo com uma barriguinha proeminente e a mão cheia de cédulas – o que no passado era usado como dinheiro.
Espero que se divirta. Tanto quanto hoje nós nos irritamos.


Este texto é de Chico Anysio e está no site da agência Carta Maior.

3.4.05

Ah, eu mereço...


Salve o tricolor paulista
Amado clube brasileiro
Tu és forte, tu és grande
Dentre os grandes és o primeiro

Oh tricolor
Clube bem amado
As tuas glórias
Vêm do passado

2.4.05

Poesia Francesa...

Aqui segue, a pedidos, uma livre tradução desta poesia. Logicamente que haverá algum erro de interpretação, mas confesso que tenho certa dificuldade em traduzir para o português, certos sentimentos compreendidos em francês. Me perdoem. Alma, sinta-se à vontade para seus pitacos.

Como um barco sai para o mar (JP Rosnay)

Eu não quero de nada saber
Nada escutar e a nada entender
Eu negligencio o branco e o negro
E eu ignoro o verde mais terno
Nesta noite, nada quero compreender
Mas te ver, te beber e te prender.

Eu te prenderei como um barco sai para o mar
Eu cruzarei as ondas
Eu te prenderei como uma ave corta o ar em seu vôo
Eu te prenderei como se estoca uma adaga
Eu te prenderei
Como um mendigo aperta a moeda no fundo de seu chapéu
E como mil aviões bombardeando uma cidade
Eu te prenderei como a água da fonte
E como um ladrão com força segura a bolsa

Eu te prenderei
Como um dia que balbucia ao entreabrir seu olho
Como um monge em sua prece
Como o pagão lançando sua pedra
Eu te prenderei como se prende uma feiticeira
Eu te prenderei como uma criança agarra à sua mãe.

Eu te prenderei no coração de minha mão
Como uma criança contando suas bolinhas de gude
Ou talvez no meio de um caminho
Como um casal de jovens
Que está preso ao perfume do alecrim.

Eu te prenderei minha doce tristeza.

1.4.05

1º de Abril...

Até agora estou vendo estrelas, graças à virulência do médico”, deputado estadual Manoel Isidório de Santana (PT), na tribuna da Assembléia Baiana em discurso contra o exame da próstata.

‘Projeto Dia do Melhor Amigo do Homem - o Cachorro’, de autoria do deputado paulista José Dilson (PDT). Ele se inspirou na filha para propor o projeto: "Ela gosta mais de cachorro do que de mim”.

"Estou pegando uma parte de sua energia positiva. Você já ganhou muitas partidas este ano" tenista francês Michael Llodra, ao ser encontrado nu, dentro do armário de Ivan Ljubicic, no vestiário antes de um jogo em Key Biscaine.

Até parecem histórias de 1º de Abril, mas são fatos verdadeiros (vejam as informações nos links de cada nome). É duro ver os deputados gastando nosso dinheiro, fazendo e falando besteiras nas tribunas. Nada contra cachorros e outros animais, mas creio que precisamos que os legisladores façam coisa melhor nas Assembléias e quanto ao discurso sobre o exame da próstata do deputado baiano, é melhor me calar, senão acabarei sendo acusado de maltrato aos animais, porque gente ele não deve ser...


Ainda bem que ontem teve um show fantástico do Tarancon. Interpretação deles para a música do Chico César, dá vontade de voar...

Dança - Chico César

A romã, a tribo, a procura
O caldo da cultura, o cauim
A quermesse, o curso, a bienal, a escultura
Hosana nas alturas, anjos no céu de Berlim.
Osasco
Osaka
Rosa
Bomba
Maca
Osso do office-curumim
Dança o povo negro
Dança o povo índio
Sobre as roças mortas de aipim
Dança a nova tribo
Dança o povo inteiro
Dança a moça triste de Benin

PS: a pedidos, mais tarde posto a livre tradução da poesia de JP Rosnay do post anterior.