Bombonière Delikatessen

Guloseimas e pensamentos...

29.6.06

Enquanto isso...

... na Alemanha, Parreira motiva seus jogadores para o próximo jogo contra a França...

28.6.06

Por isso que...

...gosto do Angeli, ele vê a realidade com um olhar singular...

27.6.06

Preconceito...

Este blog abre espaço para um comentário esportivo deste blogueiro!


"Allez les Bleus! Allez les Bleus!

Chupa Le Pen, racista filho da p..."



Up-date
Para quem não souber do que estou falando, bastar acessar os seguintes links: este ou este.

26.6.06

Brasileiros e brasileiros...

Em tempo de Copa do Mundo e de "este é um país que vai para frente"(sic), ao menos uma notícia que fuja do esporte bretão, das falcatruas petistas e da mamata da VARIG. Já aconteceu há alguns dias, mas sempre é importante tocar neste tipo de assunto.

Brasileira é premiada pela Unesco por usar internet para ajudar alunos
Publicada em 29 de maio de 2006 às 12h16 - IDG NOW

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco, pela sigla em inglês) faz 60 anos em 2006 e para isso premiará personalidades em todos os países membros que desenvolveram projetos nas áreas de atuação da organização. No Brasil cinco pessoas foram escolhidas, entre elas, a professora Lea Cruz Fagundes, especialista em educação e incentivo à pesquisa.

A professora Lea Fagundes foi premiada por desenvolver um novo método de aprendizagem baseado na inclusão digital. Segundo ela, sua pesquisa se estruturou na busca de soluções para os problemas de aprendizagem de crianças que estudam em escolas públicas. Ela afirma que as crianças das escolas públicas têm dificuldade em aprender devido aos problemas sociais a que são submetidas, e que isso pode comprometer a inteligência e o raciocínio dos estudantes. No entanto, a professora diz que apesar disso, elas têm um grande potencial. "A escola precisa aprender a tratar disso porque a diferença está no sofrimento social", afirma Lea Fagundes.

O estudo feito pela professora foi pesquisar se o computador e a Internet poderiam ser meios eficientes de ajuda aos alunos na obtenção de um bom desempenho na escola. Lea Fagundes descobriu que com o uso dessas tecnologias o desenvolvimento das crianças é muito favorecido. "Essas crianças apresentaram um talento que nem a gente imaginava. Além disso, acabou o fracasso. As crianças conseguem inclusive superar as suas dificuldades", explica. A entrega do prêmio ocorreu em Brasília, no dia 07/06.

24.6.06

Poetinha...

Um pouco de Vinícius numa noite de sábado...

Estrada branca

Estrada branca
Lua branca
Noite alta
Tua falta caminhando
Caminhando, caminhando
Ao lado meu
Uma saudade
Uma vontade
Tão doída
De uma vida
Vida que morreu

Estrada passarada
Noite clara
Meu caminho é tão sozinho
Tão sozinho
A percorrer
Que mesmo andando
Para a frente
Olhando a lua tristemente
Quanto mais ando
Mais estou perto
De você

Se em vez de noite
Fosse dia
Se o sol brilhasse
E a poesia
Em vez de triste
Fosse alegre
De partir
Se em vez de eu ver
Só minha sombra
Nessa estrada
Eu visse ao longo
Dessa estrada
Uma outra sombra
A me seguir

Mas a verdade
É que a cidade
Ficou longe, ficou longe
Na cidade
Se deixou meu bem-querer
Eu vou sozinho sem carinho
Vou caminhando meu caminho
Vou caminhando com vontade de morrer

in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"

19.6.06

Não vote em...

...mensaleiros!

Adotei e divulgarei esta campanha da Transparência Brasil.

Nos últimos dias, realizaram-se diversas convenções partidárias tendo em vista as eleições de outubro deste ano. Outras ocorrerão até o fim do mês de junho.
Tendo o vista a inclusão, nas chapas partidárias, de todos os implicados nos escândalos recentes, a Transparência Brasil vem a público para exortar o eleitor a não votar em mensaleiros, sanguessugas e implicados em outros escândalos.
Alvos de processos movidos pelo Ministério Público, indivíduos responsáveis tanto pela distribuição quanto pela recepção de subornos buscam na reeleição proteção contra a Justiça. Caso venham a ser eleitos, para que possam vir a ser processados será necessário que seus pares o autorizem.
Contudo, não é sensato esperar que uma Câmara dos Deputados que absolveu virtualmente todos os mensaleiros venha de repente mudar de comportamento.
Para essas pessoas – e para os partidos que as acolhem – a eleição funcionará como salvo-conduto para escapar do julgamento pelos seus atos.
Cabe ao eleitor barrar-lhes essa saída, negando-lhes o voto, até que sejam julgados. Caso inocentados, então poderão apresentar-se de cara limpa ao eleitorado.
O mesmo vale para os inúmeros políticos que se abrigam nas mais diferentes legendas estaduais, e que respondem a processos judiciais, todos suspensos pela imunidade parlamentar, por delitos que variam de improbidade administrativa a assassinatos, tráfico de drogas, roubo de cargas, contrabando e todo um rol de crimes capitulados no código penal.
Recuse-se a votar neles.

Não vote em mensaleiro.

15.6.06

Já que lembraram...

Só não conto o número de velas...

13.6.06

Preciso de Vinícius...

Mulheres ocas

Nós somos as inorgânicas
Frias estátuas de talco
Com hálito de champagne
E pernas de salto alto
Nossa pele fluorescente
É doce e refrigerada
E em nossa conversa ausente
Tudo não quer dizer nada.

Nós somos as longilíneas
Lentas madonas de boate
Iluminamos as pistas
Com nossos rostos de opala.
Vamos em câmara lenta
Sem sorrir demasiado
E olhamos como sem ver
Com nossos olhos cromados.

Nós somos as sonolentas
Monjas do tédio inconsútil
Em nosso escuro convento
A ordem manda ser fútil
Fomos alunas bilíngües
De "Sacre-Coeur" e "Sion"
Mas adorar, só adoramos
A imagem do deus Mamon.

Nós somos as grã-funestas
Filhas do Ouro com a Miséria
O gênio nos enfastia
E a estupidez nos diverte.
Amamos a vida fria
E tudo o que nos espelha
Na asséptica companhia
Dos nossos machos-de-abelha.

Nós somos as bailarinas
Pressagas do cataclismo
Dançando a dança da moda
Na corda bamba do abismo.
Mas nada nos incomoda
De vez que há sempre quem paga
O luxo de entrar na roda
Em Arpels ou Balenciaga.

Nós somos as grã-funestas
As onézimas letais
Dormimos a nossa sesta
Em ataúdes de cristal
E só tiramos do rosto
Nossa máscara de cal
Para o drinque do sol posto
Com o cronista social.

in Para viver um grande amor (crônicas e poemas)

E depois tem a questão de ter paciência... (s/ título)

E depois tem a questão de ter paciência
Não se deixar levar, estar preparado e ao mesmo tempo certo
De que ainda é possível... E depois
Tem a questão de resolver, de não parecer que, e ao mesmo tempo de ter que...

E depois tem a questão do não-obstante, do prurido, da válvula
Tem a questão do conhecimento, do ementário
Sem falar na questão importantíssima do...
E depois tem a questão do é-preciso, do meu-caro, do pois-é
Dos canais competentes, dos compartimentos estanques, dos memorandos

E depois tem a questão talvez precária do encontro
E do desencontro, do entendido e do mal-entendido, do lucro
E do desdouro; e depois tem a questão
Da finura, da delicadeza e da firme delicadeza e das duas delicadezas.

in Poesia completa e prosa: "Poesias coligidas"

9.6.06

Futebol e outros...

Quando criança, morando na cidade pequena do interior, em plena ditadura, nós tínhamos muito estudo durante a semana e muitos jogos e brincadeiras com os amigos aos fins de semana. Coisas que eram divertidas de serem feitas como jogar taco, futebol de botão ou queimada, brincar de pique ou pique esconde, mas sem dúvida, o futebol estava entre à frente de todos. Jogávamos na rua, em frente nossas casas, montando traves de mini gol com chinelos ou pedaços de pedras para não usarmos alguém no gol, ou então jogávamos no campo próximo ao rio que levava o singelo nome de “rapadão”, parcialmente gramado, grande e com traves de metal. Ali podíamos desde fazer um jogo com equipes completas (11 x 11) ou brincar de “queda” onde disputávamos em duplas (2 x 2) quando o grupo era pequeno.

Corria a década de 70, o Brasil fora tricampeão do mundo, éramos o país que ia para frente, o país do futuro e nossos heróis eram jogadores de futebol ou cantores de MPB. Mal tínhamos notícias das guerrilhas, torturas e assassinatos. Só ouvíamos falar da Transamazônica, de Itaipu, do acordo nuclear com a Alemanha com a construção da Usina de Angra etc. Tudo para ilustrar o slogan que afirmava que este é um país que vai para frente. E ainda ouvíamos no rádio a dupla Dom e Ravel cantar:

"Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil, eu te amo, meu Brasil, eu te amo, ninguém segura a juventude do Brasil"




Ainda bem que me restava ouvir Pink Floyd, The Beatles, The Who, Chico, Os Mutantes, Milton, Tom e Vinícius, na Mundial AM e na Excelsior AM (FM não existia naquele tempo).

Mas em época de Copa do Mundo, falando de rádio e heróis futebolísticos, fui me lembrar que naqueles anos, jogos de futebol raramente eram transmitidos. A tecnologia não permitia ainda, esta avalanche de informações e imagens. Então para acompanhar e torcer por meu time, me restava a opção do rádio. E como era divertido ouvir as narrações. Os locutores se esmeravam em passar emoção por meio de suas vozes. Nós do outro lado criávamos na mente, as imagens de cada jogada, de cada gesto, o drible do craque, a ponte do goleiro, a rede estufada na hora do gol.

As imagens pululavam nosso imaginário e como éramos férteis para imaginar. Não estávamos restritos ao “quadradismo” da tela plana e digital.

Osmar Santos inventava...
“xiruliluli – xirulilulá”
“pimba na gorduchinha”


Fiori declamava...
”Abrem-se as cortinas e inicia-se o espetáculo, torcida brasileira...”
“O tempo passa...”
“No crepúsculo do jogo”
“Agüenta coração”

Entre os grandes narradores de futebol tivemos Nicolau Tuma (ainda vivo e que narrou a primeira Copa do Mundo para o Brasil), Ari Barroso (sim, o compositor), Nelson Rodrigues (sim, o autor de teatro), Jorge Cury, Edson Leite, Oduvaldo Cozzi e Rebelo Júnior - o homem do gol inconfundível - o ritmo alucinante de Pedro Luiz, Geraldo José de Almeida, Waldir Amaral, Joseval Peixoto e José Silvério.

Ontem perdemos Fiori Giglioti aos 77 anos. Fiori tinha sua manias e entre elas estava o gosto por receber títulos de cidadania por todo este país. Possuía mais de 160 destes. Além disso cobriu 10 copas do mundo, o único cronista brasileiro que conseguiu tal feito.

Para ele, encerrou-se o ciclo da vida, para nós, admiradores do rádio, fecharam-se as cortinas do espetáculo, e o locutor do tricampeonato de 70 foi descansar e talvez narrar jogos em outros planos...

Fiori (à esquerda) durante a cobertura da Copa de 82, na Espanha
(Fonte desta foto: www.miltonneves.com.br)

5.6.06

Musicalmente...

In my life Lennon/McCartney

There are places I'll remember
All my life though some have changed
Some forever not for better
Some have gone and some remain
All these places have their moments
With lovers and friends I still can recall
Some are dead and some are living
In my life I've loved them all

But of all these friends and lovers
There is no one compares with you
And these memories lose their meaning
When I think of love as something new
Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before
I know I'll often stop and think about them
In my life I love you more

4.6.06

Sonho Impossível

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Sonho Impossível de J. Darion - M. Leigh - Versão Chico Buarque e Ruy Guerra /1972
Para o musical para O Homem de La Mancha de Ruy Guerra