Crepuscular...

Crepuscular (Raul de Leôni)

Poente no meu jardim... O olhar profundo
Alongo sobre árvores vazias,
essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.

Assim, estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção em que circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.

Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.

Ninhos, onde vencida de fadiga,
A lama ingênua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...

Turbilhão...

Gira o puzzle
Espalham-se
Soltas, as peças
Em busca do encaixe.
Minha mente voa
Uma sirene soa:
Sorrio

Rio

Corrupio

Com um pio

Eu a espio

E fio

A seda e o fio...

Num desafio
Ao buscar o detalhe
Para perder-me
Em teus braços
No final.

É isso aí....

13, pede para sair!

Lógico que o principal assunto nesta terça é a renúncia do Fidel, mas gostaria de abordar o assunto cubano com mais calma e com a poeira mais assentada, então tratarei disto noutro dia.Desde ontem, eu havia pensado em abordar a vitória de Tropa de Elite no Festival de Berlim. Prêmio cinematográfico importante, sem dúvida, mesmo eu achando que o filme nem é tudo isso não. Já vi melhores com menos grana.

Agora, o melhor do fato (ou o pior, dependendo do ponto de vista), foi o comentário do gélido presidente do Brasil na Antártida. Disse “moluscarmente” que o prêmio foi um reconhecimento "muito significativo" a um filme que tem "qualidade extraordinária".

Lula ainda afirmou que a produção contribui com a formação de uma boa imagem do país lá fora. "Vai projetar os problemas do Brasil, mas também as eficiências e vai mostrar ao mundo que o Brasil não é apenas um país com lado ruim."

Contribui com a formação de uma boa imagem do país lá fora?
"Vai projetar os problemas do Brasil, mas também as eficiências e vai mostrar ao mundo que o Brasil não é apenas um país com lado ruim."

Como se diz hoje: ah, fala sério, Presidente. Tá me tirando?

Em que este filme contribui em favor do país? No máximo em gerando divisas com a venda dos direitos, fora isso, balela tipicamente política e brasileira: você corre, nós ganhamos, eles perderam.

Ah, tenha paciência.

PS: eu gostaria de saber como traduziram para o alemão, o inglês e o francês, a expressão da personagem Cap. Nascimento no filme: “...o senhor é um fanfarrão.” Deve ter ficado curioso.

Henri Salvador...

Foto Associated Press



Henri Salvador morreu nesta quarta. Sempre fui fã de seu trabalho e sobretudo da simpatia em pessoa que ele era. Há pouco tempo mesmo, fiz um post sobre uma homenagem aos seus 90 anos. Nos anos 40 ele passou pelo Brasil, fazendo shows como crooner de orquestra de Ray Ventura nos cassinos locais e aprendeu o português em apenas 15 dias. Durante os shows, ele contava piadas em português e cantava em francês. Indiretamente, este apaixonado pelo Brasil enquanto aqui esteve suscitou uma revolução. Em suas palavras, assim ele explica esta revolução:

"J'avais fait une chanson dans le film Europa di notte, d'Alessandro Blasetti, qui s'appelle 'Dans mon île'. Et on m'a dit là-bas, quand j'y suis retourné, que c'est en l'entendant au cinéma, au Brésil, que Jobim aurait eu l'idée d'inventer la bossa-nova : il fallait ralentir la samba et y ajouter de belles harmonies. Mais enfin, même si c'est après avoir entendu ma chanson, c'est quand même Jobim qui a inventé la bossa, pas moi. Et c'est vrai que c'est un rythme très inspirant : on n'a qu'à faire “tchiki tchiki doum tchiki tchiki doum” tout de suite ça chante, les mélodies viennent."

"Eu havia escrito uma canção no filme Europa de noite, de Alessandro Blasetti, que se chamava ‘Dans mon île’. E me disseram que, escutando-a num cinema no Brasil, Jobim teve a idéia de inventar a Bossa Nova : ele reduzia o ritmo do samba e ali juntava belas harmonias. Mas, enfim, mesmo se foi após ouvir minha canção, o inventor da Bossa Nova foi Jobim e não eu. É verdade que é um ritmo muito inspirador : a gente só precisa fazer “tchiki tchiki doum tchiki tchiki doum” e imediatamente canta-se, as melodias vêm."

Dans mon île


Dans mon île
Ah comme on est bien
Dans mon île
On n'fait jamais rien
On se dore au soleil
Qui nous caresse
Et l'on paresse
Sans songer à demain
Dans mon île
Ah comme il fait doux
Bien tranquille
Près de ma doudou
Sous les grands cocotiers qui se balancent
En silence, nous rêvons de nous.

Dans mon île
Un parfum d'amour
Se faufile
Dès la fin du jour
Elle accourt me tendant ses bras dociles
Douce et fragile
Dans ses plus beaux atours
Ses yeux brillent
Et ses cheveux bruns
S'éparpillent
Sur le sable fin
Et nous jouons au jeu d'Adam et Eve
Jeu facile
Qu'ils nous ont appris
Car mon île c'est le Paradis

Allez Guga...

Guga acabou de se despedir do tênis em quadras brasileiras. Jogou o que pôde, enquanto seu corpo permitiu, depois sucumbiu 2x0. Será um ano difícil, este o da despedida.

Porém não dá para esquecer sua carreira:

Em 1997, o "manezinho" da Ilha de Floripa começava a surpreender o mundo e abria caminho para uma carreira de muito sucesso. Depois, em 2000 e 2001, Guga voltou a levantar a taça de Roland Garros. Chegou ao topo do mundo e dominou o circuito por um longo período.

Vamos a alguns números para aqueles que não valorizam este gênio das quadras do nosso país e preferem ironizar o momento difícil que viveu o tenista nos últimos anos com sua contusão.

- 43 semanas na liderança do ranking de entradas. É o 11oº tenista da história, que mais tempo liderou a listagem, ficando a frente de nomes como Boris Becker, Mats Wilander, Ilie Nastase, entre outros.
- 29 finais na carreira
- 14 títulos nas quadras de saibro.
- Tem títulos em 13 países diferentes
- Três títulos em Roland Garros e na história da competição está atrás apenas de Bjorn Borg (6) e empatado com Ivan Lendl e Mats Wilander.


primeira página do principal jornal de esportes da França após uma das conquistas de Guga em Roland Garros. Diz a manchete: Obrigado por este sorriso.

Eu só queria entender...

"Quanto menor a transparência, maior a segurança", disse a O Globo o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

"Em dez anos, o Brasil virou o maior exportador de carne do planeta. Resultado de gigantescos investimentos do governo e dos fazendeiros em melhoria genética do rebanho, fiscalização sanitária e (não dá para esquecer) avanço das pastagens em antigas áreas de florestas na região Norte. Parte desse boom se deve também à coincidência com a desconfiança com o gado europeu pós-crise da “vaca louca”, a doença que arrasou com o rebanho britânico nos anos noventa. Pois o Brasil está jogando essa vitória fora. A falta de fiscalização permitiu nos últimos anos o retorno da febre aftosa no Mato Grosso e no Paraná. Ontem, num erro político grotesco, o Brasil cedeu à pressão da União Européia e reduziu a lista de fazendas consideradas aptas para exportar carne bovina. Do total de 2.681 propriedades, apenas 600 serão mantidas. O Ministério da Agricultura ainda autorizou veterinários europeus a fazer inspeções de surpresa em fazendas brasileiras (imagine o escândalo na França se um estrangeiro fosse checar as condições de produção do foie gras!)". Fonte: www.ofiltro.com.br

Após ler estas duas notícias nos jornais de ontem e hoje, não tem como entender mesmo. Ô paiseco de m...

Cena de abertura de O Planeta dos Homens

Cena do filme O Planeta dos Macacos, da década de 70.

Acho que ninguém vai se lembrar disso, mas nos anos 70 havia um programa humorístico denominado Planeta dos Homens, não, não confundir com o filme Planeta dos Macacos com Charlton Heston (ver foto).

Planeta dos Homens era o programa com o Jô Soares e o Agildo Ribeiro. Um dos personagens, depois de uma notícia séria mas absurda, diziao o jargão: Não precisa explicar, eu só queria entender.

Pois bem, nosso Brasil personifica e justifica o bordão deste personagem com máscara de macaco... por mais que expliquem a gente nunca entende.

Quem dera...

...a vida estivesse boa para os sul-africanos, como para muitos por aí, em todo este mundo... Por isso que gosto de fotojornalismo...

Fonte: Album UOL - 01/02/08 (não há o nome da agência)