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Guloseimas e pensamentos...

12.3.07

Reais e Cruzados...

“Povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la.” A frase é batida mas serve de ponto de partida para Eduardo Bueno, jornalista gaúcho, escrever seus livros sobre a História do Brasil. Criticado por alguns historiadores, bem aceito pelos seus leitores. Depois de narrar em detalhes, e sempre de uma maneira bem-humorada, os períodos do descobrimento em A Viagem do Descobrimento, a formação das capitanias hereditárias em Náufragos, Traficantes e Degredados, e o doloroso fracasso de seus donatários em Capitães do Brasil, Bueno em A Coroa, a Cruz e a Espada, traça um panorama impressionante dos primórdios da América portuguesa, ao resgatar o período da criação do Governo Geral, primeira tentativa de colonização do Brasil feita com recursos da Coroa de Portugal. Leiam o trecho abaixo e vejam se se localizam no tempo:

“Havia duas moedas em circulação em Portugal no século XVI: o cruzado e o real. O cruzado pesava 3,5 gramas de ouro, era reservado para as grandes transações monetárias e valia 400 reais. O real era a moeda de conta – ou “dinheiro de contado”, como se dizia –, utilizado pela população no dia-a-dia. Por volta de 1580, o plural de real (até então “reais”) passou a ser grafado “réis”.

A seguir, alguns preços e salários (ou “soldos”, conforme a designação da época) praticados em Portugal e no Brasil no período abrangido por este livro. Por coincidência, os valores nominais são muito similares aos vigentes em 2006 no Brasil:

Menor soldo geralmente pago em Portugal:
360 reais por mês

Soldo médio de um pedreiro:
600 reais por mês

Soldo médio de um marinheiro:
900 reais por mês

Rendimentos de um escrivão:
40 mil reais por ano

Rendimentos de um corregedor de justiça:
170 mil reais por ano

Rendimentos do governador-geral Tomé de Sousa:
400 mil reais por ano

Rendimentos do provedor-mor Cardoso de Barros:
200 mil reais por ano

Soldo do “mestre de pedraria” Luís Dias:
72 mil reais por ano

Preço de uma dúzia de ovos (em Portugal):
7 reais

Preço de 1 litro de vinho (em Portugal):
13 reais

Preço de 1 quilo de farinha de mandioca (no Brasil):
8 reais

Preço de 1 quilo de carne de gado (no Brasil):
20 reais

Preço de uma enxada (no Brasil):
150 reais

Preço de uma espada (no Brasil):
450 reais

Preço da melhor casa de Salvador (em 1551):
80 mil reais

Preço de um terreno (22 metros de frente) em Salvador:
13 mil reais

Preço de uma nau (em Portugal):
2,5 mil cruzados (ou 1 milhão de reais)

in A Coroa, a Cruz e a Espada de Eduardo Bueno – Editora Objetiva – págs 20 e 21. Abaixo, foto de uma moeda de Real do período de D. João III, de Portugal.



2 Comments:

Blogger Cristiane said...

Pois eu faço parte dos historiadores que condenam Eduardo Bueno. Ele fez em seus outros livros justamente o que parece ter feito agora, neste atual: anacronismo histórico. História não é matemática. Não dá para ele pegar dados de 500 anos e jogar para os dias atuais como se fosse uma conta exata.
Não há problema algum ele escrever o que quiser, desde que não escreva ficção como se fosse história real. Não cabem "achismos" em história. Os fatos históricos devem ser tratados com a seriedade merecida, para exatamente permitir ao povo conhecer a sua história e não repeti-la. Inverdades e induções não conduzirão o povo ao acerto.
Desculpe, João, você sabe o quanto admiro a sua intelectualidade e erudição, mas Eduardo Bueno e esta continha simplória dele não foi uma boa escolha...
Beijos

13 de março de 2007 às 11:43  
Blogger João said...

Ah Cris, neste caso não é conta matemática de conversão não, apenas um levantamento em moeda portuguesa da época e a coincidência do nome e dos valores nominais com a moeda brasileira dos dias atuais. Nada além disso.

Beijos

13 de março de 2007 às 11:54  

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