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Guloseimas e pensamentos...

8.3.08

Mulher...



Deusas do cotidiano

"De todos os hinos entoados em louvor às revoluções nos campos de batalha, nenhum, por mais belo que seja, tem a força das canções de ninar cantadas no colo das mães." Sérgio Vaz

O nome dessas mulheres eu não sei, não lembro, nem preciso saber. São nomes comuns em meio a tantos outros espalhados por esse chão duro chamado Brasil.

Mas a maioria delas eu conheço bem, são donas de um mesmo destino: as miseráveis que roubam remédios para aliviar as angústias dos filhos. É quando a pobreza não é dor, é angústia também. São as ladras de Victor Hugo.

Donas da insustentável leveza do ser, as infantes guerreiras enfrentam a lei da gravidade. Permanecem de pé ante aos dragões comedores de sonhos que se escondem na gravidade da lei. Das trincheiras do ninho, enfrentam moinhos de mós afiadas, para proteger a pança dos pequeninos. São as Quixotes de Miguel de Cervantes.

Místicas, não raro, estão sempre nuas em sentimentos. Quando precisam, cruas, esmolam com o corpo, e se postam à espera do punhal do prazer que cravam no seu ventre. É quando o prazer humilha. São as habitantes do inferno de Dante.

Rainhas de castelos de madeiras, sustentam os filhos como príncipes, e os protegem da fome, do frio, e da vida dura e cruel que insiste em bater na porta das mulheres de panela vazia.

Quanto aos reis, também são os mesmos: os covardes dos vinhos da ira.

Mágicas, esses anjos se transformam em rochas, quando a vida pede grão de areia. Em flores, quando rastejam, e em espinhos, quando protegem.

Essas mulheres são aquelas que limpam tapetes, mas não admitem serem pisadas. São domésticas, mas não admitem serem domesticadas.

Sim, são as deusas do dia-a-dia.

* Homenagem às mulheres que nunca são homenageadas.

Texto:Sérgio Vaz, in www.jornalirismo.com.br - imagem Fernado Botero - Woman reading

1 Comments:

Blogger alma said...

Oi, João
Comment ça va?

Eu por aqui esperando as águas de março fecharem o verão.
E o cheiro de dama da noite que me persegue em todo canto, coisa mais estranha.

Je t´embrasse,
MM

10 de março de 2008 às 21:47  

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