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Guloseimas e pensamentos...

7.10.05

Kaváfis...

Candelabro*

Num quarto pequeno e nu, quatro paredes somente,
recamadas de muito verdes panos,
um belo candelabro brilha incandescente;
e em cada uma das chamas se acende
uma lúbrica paixão, um lúbrico ardor.

Na pequena alcova, que ilumina refulgente
a forte luz que vem do candelabro,
não é vulgar fogo esta luz ardente.
Não foi feita para os corpos tementes
a volúpia que há neste calor.

*Traduzido por Manuel Resende


Konstantinos Kaváfis nasceu e morreu em Alexandria, centro cultural do helenismo egípcio, em 1863 e 1933. Era o nono e último filho de uma importante família burguesa, de origem grega e de passado aristocrático. Kaváfis tornou-se um dos poetas mais importantes de Alexandria, escrevendo em sua língua materna, o grego. Em vida publicou muito pouco: duas plaquetas em 1904 e 1910, uma com 14 e a outra com 21 poemas, e poemas esparsos, em folhas soltas, que enviava a quem os pedia. Assim mesmo seu prestígio literário foi grande e imediato, ao ponto do governo grego lhe conceder o prêmio Fênix. Em sua poesia renunciou à métrica tradicional; combinava o moderno e o arcaico, e elementos helenísticos com bizantinos. Criou uma expressão própria e peculiar, marcada pelo que os críticos chamaram de um lirismo objetivo, por tons dramáticos e uma tonalidade trágica. Dizia-se um poeta historiador. Morreu em 29 de abril de 1933, no dia de seu aniversário.