Pessoas...

Outro dia aconteceu algo interessante. Estava em uma sala de espera de um consultório médico e vi uma revista com uma capa interessante. Era uma edição da Veja de 2004 e só de curioso comecei a lê-la. Depois de ler apenas algumas páginas senti um asco tão grande e resolvi observar as pessoas ao meu redor, pois as crianças que brincavam ali, me traziam ao menos esperança, enquanto as notícias velhas e tão atuais da revista me jogavam no fundo de um poço sem fundo. A humanidade anda tão desumana, nossos líderes tão corruptos, nossos valores tão caídos que por vezes sinto vontade de não ser humano. Uma pedra me pareceria com mais sentimento...

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinícius de Moraes, Los Angeles, 07.12.1946 in Poesia completa e prosa: "Poesias coligadas"

Se tiverem curiosidade de saber o que significa Cuidados Paliativos, conheçam o blog da Dra. Simone.