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Guloseimas e pensamentos...

5.9.05

Era assim...

Há 20 anos, em 1986, sentávamos à mesa do Salamalec para discutir os rumos da política no Brasil, a presidência de Sarney, os planos econômicos, o surgimento da AIDS, o aparecimento de OVNIS, o Cometa Halley, nossas poesias, nossos namoros, a música de Legião, Cazuza, Paralamas, The Cure, o Barbosa do TV Pirata etc.
Éramos futuros economistas, jornalistas, médicos, comerciantes, veterinários, administradores, bancários, artistas plásticos, músicos...
Uns casaram outros não, uns têm filhos, outros não, uns vivem, alguns morreram, uns venceram, outros não...
De certo havia algumas coisas: íamos para casa com alguns uísques ou vodkas na cabeça, além de duas certezas, o mundo seria melhor no futuro e nós teríamos responsabilidade nisso.

Eu continuo tentando...


ÍndiosLP Legião Urbana DOIS - 1986

Quem me dera, ao menos uma vez

Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda esta por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais, por não ter nada a dizer

Quem me dera, ao menos uma vez,

Que o mais simples fosse visto como o mais importante,
Mas nos deram espelhos
E vimos uma mundo doente.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Entender como isso Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
É isso maldade então, deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.

Entenda - assim pude trazer você de volta para mim,
Quando descobri que é sempre isso você
Que me entende do início ao fim
E é isso você que tem a cura do meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Esta em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho,

Entenda - assim pude trazer você de volta para mim
Quando descobri que é sempre isso você
Que me entende do início ao fim
E é isso você que tem a cura do meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente

Tentei chorar e não consegui.