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Guloseimas e pensamentos...

20.12.04

Descobri na net...

Não existe lógica para o medo (Juliana Pescuma)

Pânico é pânico e cada um tem o seu. Um amigo do meu pai só anda de metrô descendo em cada estação para respirar. Costuma demorar duas horas do Paraíso à Consolação. O meu pior pesadelo é ficar presa em elevador. Desde que me entendo por gente (e isso tem algum tempo, acreditem), elevador, para mim, sempre foi algo apavorante. Talvez tenha algo a ver com as inúmeras vezes em que fiquei presa dentro daquele cubículo, talvez seja culpa daquele elevador maldito da praia, que prensou minha cabeça e me fez ver elefantes cor de rosa por semanas, sei lá. Acontece que eu não consigo agir com naturalidade em um elevador, e se for panorâmico, então, azar de quem está ao meu lado. Costumo deixar marcas de unhas nos braços de qualquer um que se arriscar a me acompanhar nessas ocasiões. E, claro, há sempre um elevador no meu caminho. Ou uma escada rolante, que é ainda pior. Conhecem alguém que prendeu a sola do tênis no fim da escada rolante? Muito prazer, agora vocês conhecem. Amaldiçôo o dia em que um puto qualquer inventou essa geringonça para acabar com a minha vida. O que há de errado com as escadas? Qual é o problema em se exercitar um pouquinho? Que diferença faz se você estiver carregando vinte e oito sacolas? Um alerta: não me dirija a palavra se eu estiver em uma situação de perigo. Costumo agredir aqueles que atrapalham minha concentração na hora de subir ou descer de algum lugar pelo elevador. Existe algo melhor do que o silêncio constrangido entre os passageiros? Naqueles dois ou três minutos dá para pensar na vida, na morte, em quem você vai deixar para trás caso o troço despenque, em quem você colocaria dentro de um elevador com as correntes enferrujadas, em quem você deixaria trancado lá depois de soltar gases da feijoada do almoço, em qual seria o melhor kit de sobrevivência para levar quando for passear de elevador... E eles são cheios de efeitos especiais. Conheço um que parece uma máquina do tempo, com aquelas portas dobráveis que correm e um rangido de filme de terror. Me sinto o próprio Jack Nicholson n’O Iluminado. E tem também aquele que abre dos dois lados. Céus, como se não bastasse uma porta para prensar sua cabeça, tem duas! Talvez um dia eu supere esse medo, mas acho difícil. O mais provável é que eu me vicie em calmantes ou escreva um livro de auto-ajuda sobre o tema, para ajudar pessoas que enfrentam os mesmos problemas que eu. E três vivas para as construções térreas.
Vale a pena conhecer o pessoal deste site. Os cartuns são muito bons e a forma escolhida para os temas é muito interessante.